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![]() O Escargô e o Japonês |
Por Ranulfo Julião
| Na cidade do
interior sempre existe uma novidade ou outra que aparece . O homem da
cobra, o vendedor de tapetes portugueses, a corrente milionária, a
loção que cura desde calo a queda de cabelo, enfim, uma diversidade de
"Contos do Vigário" que sempre irá encontrar pessoas que,
iludidas pelo enriquecimento fácil ou qualquer tipo de carência , tem
maior propensão a cair nestas arapucas.
Na virada do ano 2000 , um pouco antes, aconteceu em Quatá a visita de um japonês que estaria representando um frigorífico de Curitiba e estava procurando parceiros para criação de carne de caramujo, o tão sofisticado escargô. O japonês prometia a compra de toda a produção dos quataenses. Para isto tinha a tecnologia de criação com seus tanques apropriados, alimentação, manejo e é lógico, a venda das "matrizes" que passavam dos três mil reais na época. Para alguns, foi uma alvoroço. Investimento com retorno certo. Construção de piscinas para caramujo, comida de primeira para os bichinhos.
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O japonês por sua
vez, em toda visita na cidade era tratado como primeiro ministro do
Japão, com almoços e recepção calorosa. Ele chegou até a comprar
algumas matrizes , por sua vez , para embromar outros de outras cidades e
dar credibilidade aos de Quatá. É dificílimo encontrar japonês
desonesto, mas quando se encontra, o bicho é torto mesmo e faz as coisas
"erradas direitinho".
Não precisa falar que passado um tempo o japonês sumiu e levou a grana de muitos crédulos. Há quem pagou mais de dez mil reais pelas matrizes, e estimasse que o japonês teria embolsado só em Quatá algo acima de cem mil reais. Além de enganados, os crédulos por ignorarem que se tratavam de caramujos africanos da espécie Achatina Fúlica, uma verdadeira praga, que se prolifera na proporção 18 mil para cada matriz durante sua vida, contribuíram irresponsavelmente pela desordenada proliferação deste tipo que não tem predador natural no Brasil e transmite diversas doenças. Alguns de vergonha, irresponsavelmente jogaram nos rios, outros no mato . Não é difícil encontrar ainda hoje estes caramujos nos quintais das casas. |

Que delícia ! Cadê o Japonês ?